segunda-feira, 7 de março de 2011

Entrevista com o Eduardo Lima, o artista gráfico brasileiro da série Harry Potter





Lauren Wakefield, Mira Mina e Eduardo Lima

Por trás do incrível grau de detalhamento dos objetos cênicos dos filmes de Harry Potter, como os profetas diários e os produtos da loja Gemialidades Weasley, existem mentes que trabalham a todo vapor para garantir uma máxima riqueza de detalhes. E uma destas mentes é o artista gráfico Eduardo Lima, um brasileiro natural de Caxambu, Sul de Minas Gerais.
Ele foi entrevistado pelo blog do livro Harry e Seus Fãs e contou um pouco sobre sua experiência na série. Ele revela que entrou para a equipe em 2001, na pré-produção de Câmara Secreta, como estagiário, graças a confiança de Mira Mina, artista gráfica da série.
Na entrevista, ele revela que o livro A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore, que foi utilizado no sétimo filme, demorou oito meses para ficar pronto. Quando perguntado sobre a influência de J.K. Rowling no processo, ele disse que a autora considerava a sala deles a preferida de todas do estúdio.
O processo de criação é muito variado. Tudo começa pelo roteiro, pois é de lá que se encontra todas informação necessárias para a produção do filme, e é no roteiro que eu faço a lista de todos os objetos de cena que vão ser feitos pelo artista gráfico. Depois disso acontecem reuniões com o diretor de arte e a produtora de arte – e às vezes com os produtores e com o diretor, para decidir vários aspectos na preparação dos objetos. Todo é muito detalhado, um objeto às vezes pode demorar oito meses para ficar pronto, desde os primeiros esboços até a produção final, como exemplo o livro “A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore”.
Ele ainda revelou que nas notícias do Profeta Diário que não são destaques há inúmeras referências a família dele e à sua terra natal e disse estar orgulhoso do livro “Harry Potter – A Magia do Cinema”, que foi concebido pelo seu departamento.
Leia o restante da entrevista em Leia Mais – vale a pena!
Da onde você é? Onde estudou?
Eu sou mineiro de Caxambu, Sul de Minas Gerais. Me mudei para o Rio de Janeiro com 16 anos para me preparar para a Universidade. Estudei Comunicação Visual na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC Rio.
Desde o início da sua carreira você trabalhou na produção de filmes?
Comecei, na verdade, quando eu ainda estava na PUC. Foi lá que eu tive a oportunidade de conhecer a montadora de filmes Virgínia Flores. Uma pessoa muito querida e muito especial para mim! Foi ela que me deu o primeiro empurrão profissional. Trabalhei como seu assistente de montagem em várias produções nacionais, entre elas Pequeno Dicionário Amoroso. Trabalhar na montagem de filmes foi um grande aprendizado que me possibilitou conhecer e entender o processo criativo de uma produção cinematográfica.
A minha experiência como artista gráfico para filmes só começou realmente (antes já tinha feito outro trabalhos gráficos mas até então não relacionados a filmes) quando me mudei para Londres.
Como você começou a trabalhar nas produções de HP?
Foi 2001, quando tive a oportunidade de conhecer outra pessoa marcante na minha vida – que por sinal é hoje minha sócia no meu design estúdio -, a artista gráfica do Harry Potter: Mira Mina. Me lembro muito bem do primeiro dia que fui ao Estúdio de Leavesden no norte de Londres para conhecer a Mira (com o meu portifólio na mão), quando eles ainda estavam trabalhando na pré-produção do Harry Potter e a Câmara Secreta. Sai de lá muito feliz, com um estágio e com uma grande amiga! No total foram 3 meses de estágio nesse filme. A partir do terceiro filme comecei a trabalhar em tempo integral como artista gráfico. No total foram 9 anos fazendo mágica em Leavesden!
Qual é o trabalho de um artista gráfico num filme?
O trabalho de um artista gráfico em filmes é muito variado. No caso dos filmes em que trabalhei, e principalmente no Harry Potter, basicamente o artista gráfico é responsável por ajudar a contar a estória por meio de objetos de cena feitos de papel e que sejam impressos – livros, revistas, jornais, mapas, embalagens, cartas, etc. Às vezes sendo responsável por criar letreiros, tapeçaria, pisos etc.
Você já tinha lido os livros antes de começar a trabalhar nos filmes?
Para ser sincero, não. Confesso que não tinha prestado muita atenção até a minha ida para Londres em 2001. Foi lá que eu me apaixonei pela história e depois disso não consegui largar mais os livros.
Como é o processo de criação? Da onde você tira inspiração?
O processo de criação é muito variado. Tudo começa pelo roteiro, pois é de lá que se encontra todas informação necessárias para a produção do filme, e é no roteiro que eu faço a lista de todos os objetos de cena que vão ser feitos pelo artista gráfico. Depois disso acontecem reuniões com o diretor de arte e a produtora de arte – e às vezes com os produtores e com o diretor, para decidir vários aspectos na preparação dos objetos. Todo é muito detalhado, um objeto às vezes pode demorar oito meses para ficar pronto, desde os primeiros esboços até a produção final, como exemplo o livro “A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore”.
J.K.Rowling costuma opinar sobre o processo de criação, ela já falou alguma coisa sobre o produto final ao visitar o set?
Eu acho que sim, mas não muito. Ela, desde o início, confiou na equipe de produção do filme. Às vezes tínhamos que recorrer a ela para saber alguma coisa que não estava escrita nos livros, mas que era importante para o desenrolar do filme. Um exemplo é a tapeçaria que representa a árvore genealógica da família Black. Nos livros não tinha indicação sobres parentes mais distantes, então pedimos a sua ajuda e ela (somente ela), com o seu conhecimento, nos mandou um pequeno esboço com todas as informações que precisávamos.
Ela visitou o estúdio várias vezes. E posso dizer com orgulho que ela sempre mencionava que a nossa sala era, sem dúvida, a sua preferida!!
Quantas pessoas compõem a equipe de artes gráficas?
Três. Eu, Mira e a nossa assistente maravilhosa, Lauren Wakefield.
Mas quando estamos muito ocupados a equipe pode vir a ter até 5 pessoas trabalhando. No caso da loja dos Weasleys, foram nós três mais dois assistentes e três estagiários…
Quanto tempo vocês levaram para montar toda a loja dos Wesley? Esse foi o projeto mais trabalhoso?
Foram cinco meses (só para a loja! E não contando os outros objetos que precisavam ser feitos também) de muito trabalho, mas com muita diversão! Acho que no total criamos mais de 100 produtos diferentes. Tínhamos que encher uma loja grande de três andares – no final foram produzidos mais 60.000 produtos. Na verdade esse trabalho foi um sonho para qualquer artista gráfico. Pois para alcançar o resultado obtido a gente teve que se passar por dois adolescentes mágicos. Como eles fariam todo aquilo? Como seria a impressão? O estilo? Foi muito, muito legal!!!
O que você mais gostou de criar para a série?
É muito difícil dizer o que eu mais gostei. Pois gostei de tudo! Foi uma experiência fantástica e única.
Mas se eu tiver que escolher uma coisa eu escolheria o “Profeta Diário”. Foi muito bacana criar os jornais. Me diverti muito. Pois no roteiro só vinha indicado uma ou duas notícias (manchetes) e eu tinha que escrever e criar todo o resto. É uma pena que nos filmes não dá tempo para ver todas as páginas e como é muito detalhado (que por sinal e uma constante nos filmes – a atenção ao detalhes!!!). As vezes até com referências (ou homenagens) à minha família e a minha cidade natal!
Depois de Harry Potter você já tem outro projeto em mente?
Eu e a Mira abrimos o nosso escritório de design em agosto do ano passado: MinaLima Design (www.minalima.com -http://www.facebook.com/pages/MinaLima/185983323194). E ainda estamos trabalhando muito com o Harry Potter, mas só que agora mais voltado aos produtos de merchandising e dando consultoria gráfica. Desenvolvemos vários produtos/embalagens para o parque temático do Harry Potter em Orlando.
E uma coisa que nos deixou bastante orgulhosos foi o livro “Harry Potter. A Magia do Cinema” (http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3095439) que foi totalmente criado por nós, sendo muito bem recebido pelos fãs do mundo inteiro e nos deixando muito felizes.
Estamos agora muito ocupados com o projeto Woop Studios que é uma série de posters, com edição limitada, ilustrando “coletivos” por exemplo: uma colméia de abelhas, uma manada de elefantes…
E temos muitas novidades em breve – livros e filmes, mais que ainda não posso falar…

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